Texto e foto: Fabricio Ribeiro
ESPECIAL ELEIÇÕES 2024
O empresário de Santa Isabel, Eduardo José Ramos (PL), o Edu do Restaurante, é pré-candidato à Prefeitura de Domingos Martins. Vereador por dois mandatos (2009-2012 e 2017-2020), chegou a presidir a Câmara (2011-2012). Edu disputou a última eleição em 2020 para prefeito e ficou em segundo lugar, com 3.039 votos.
Nesta entrevista, ele aponta as administrações, atual e anteriores, como “viciadas”, faz críticas aos demais pré-candidatos e defende que a cidade precisa se planejar melhor de forma geral e para incrementar o turismo, a agropecuária, incentivar o reflorestamento, despoluir córregos e organizar o trânsito. Edu também quer construir um centro de eventos, uma nova sede da prefeitura e uma estação de tratamento de água. Pretende ainda retomar a Feira do Meio Ambiente e criar a Feira Agropecuária.
Por que você quer ser prefeito de Domingos Martins?
Tenho muito interesse em melhorar a vida das pessoas, e que Domingos Martins tenha um planejamento. Para agora, para cinco anos, para daqui a 10 anos. Nunca fizemos isso e é extremamente necessário e urgente, principalmente no momento que a gente está vivendo agora, com o crescimento desordenado de bairros, residências… Prova disso é que nós temos vários bairros e distritos com problemas sociais graves como Paraju, Santa Isabel e Pedra Azul, principalmente.
Como está a construção da sua pré-candidatura?
Sou do PL e temos nos acompanhando o Democracia Cristã (DC) e o Novo. O crescimento dessa aliança de três partidos depende dos demais agentes políticos. Por exemplo, PP e o Republicanos podem fazer coligação com o PL, estão autorizados pelas executivas nacional e estadual. O Republicanos já está no nosso radar, estamos conversando. O PP está mais distante porque o Carlinhos Borboleta (ex-prefeito) também se declara pré-candidato.
E a chapa de vereadores?
As nove vagas para homens já estão preenchidas no PL. Resta quatro das cinco vagas para mulheres. O Novo e o DC ainda têm vagas para homens e mulheres. Temos até 30 de março para preencher. Já em 21 de abril o PL fará um movimento na Câmara para chamar a sociedade, apresentar propostas, falar sobre a direita no Brasil.
Quais sãos os demais nomes colocados nessa fase pré-eleitoral?
Tem o vice-prefeito Fabinho (PSD), que é pré-candidato natural com apoio do prefeito Wanzete. Tem o ex-prefeito Carlinhos Borboleta (PP). Tem o Ivan Paganini (PSB), que se intitula o pré-candidato do governador. Ele (Ivan) é o candidato que mais depende de um apoio direto do governador Casagrande, que não ventilou nada, mas que deve trabalhar alguma frente que não seja a minha, pois o PL é adversário. A minha candidatura é de oposição a Casagrande em termos partidários, quanto à pessoa dele nada a reclamar. A população o reelegeu e a gente tem que respeitar.
“Minha pré-candidatura é de oposição a Casagrande em termos partidários”
Essa postura de oposição pode criar dificuldade para Domingos Martins numa eventual gestão Edu?
Não tenho nenhuma preocupação. O primeiro movimento que o governador faz após as eleições municipais é convidar os prefeitos eleitos para um almoço. Ali quebra qualquer dificuldade que possa ter surgido na campanha. O Estado, quando vai se apresentar nacionalmente, vende Domingos Martins, por causa de nossas belezas naturais. Acredito que não vai haver essa distância nem por minha parte, nem pela do governador.
Você citou que a pré-candidatura do vice-prefeito Fabinho conta com apoio do prefeito Wanzete Kruger. O Fabinho está preparado?
Ele tem três mandatos como vice-prefeito. Tem experiência. Mas, Fabinho é a continuação de um vício, um sistema que existe há anos. E em Domingos Martins a gente precisa renovar. Precisamos usar mais a tecnologia a nosso favor. A gestão Wanzete/Fabinho é uma gestão de 2005. Nós estamos em 2024 com muitos desafios. Mesmo tendo voz ativa na gestão de Wanzete, Fabinho não tem conseguido fazer movimento para melhorar o município.
“Fabinho é a continuação de um vício, um sistema que existe há anos”
Qual sua avaliação sobre o ex-prefeito Carlinhos Borboleta?
Tenho uma boa relação com o ex-prefeito (Borboleta). Só que em termos de gestão ele e sua equipe deixaram a desejar. A prova disso é que no governo dele nada se fez de diferente em relação a gestão anterior de Wanzete. Ele nem se lançou candidato à reeleição na época.
E o ex-prefeito Ivan Paganini?
O Ivan Paganini também foi reprovado nas urnas. A última gestão dele já faz 24 anos, não sei se está atualizado. Tem o irmão dele (Edson Paganini – PATRI) que faz excelente trabalho na Câmara Municipal, mas para o executivo é outra coisa. Não vejo esse preparo ainda para o vereador.
Você se sente mais experiente do que os citados, todos ex-prefeitos, além do atual vice?
Sou um empresário do ramo de alimentação num distrito menor, num espaço menor, mas, que tem muitos clientes. A minha empresa é muito saudável, conhecimento de gestão eu teria, porque não é muito diferente administrar um orçamento público de um privado. Tem 37 anos que eu convivo com pessoas, isso gera uma facilidade. O prefeito tem que estar sempre de braços abertos para receber as demandas e as pessoas.
Queremos fazer uma gestão do diálogo, da experiência e do conhecimento técnico. Tive dois mandatos como vereador e como presidente da casa fui ordenador de despesa. Meu grupo não é muito grande de compromissos políticos e estarei bem à vontade para escolher as melhores peças. Eu estou melhor preparado neste sentido porque não tenho acordos a fazer, diferente dos outros candidatos.
E seus nomes para vice-prefeito?
Não podemos precipitar um nome que depois não venha a ser bem aceito junto à população. Uma das intenções de nosso grupo é colocar os nomes em avaliação, cerca de três ou quatro, numa pesquisa em abril.
Quais os pontos altos e os baixos da economia de Domingos Martins no seu ponto de vista?
O turismo é um ponto alto que pode ser bem mais aproveitado. Na agricultura somos o segundo maior produtor da Ceasa. Mas, há um êxodo rural muito grande, com jovens indo para a sede e Grande Vitória. Há famílias inteiras saindo também, vendem suas propriedades, compram na área urbana e se deslocam. E isso nos preocupa. Precisamos de ações que minimizem e o município pode proporcionar isso através da Secretaria de Agricultura.
E pessoas da Grande Vitória e de fora que estão vindo, tanto para zona rural como área urbana. Isso é bom?
Pode ser bom, mas o município não tem infraestrutura e precisa de planejamento. Dos novos moradores que vêm da Grande Vitória, vejo pessoas influentes, com situação bem resolvida, com índice alto de conhecimento que pode ser aproveitado melhor por nós. Inclusive posso montar um gabinete com pessoas experientes dentre esses novos moradores. No meu restaurante, recebo muitas pessoas que gostariam de opinar, de forma voluntária, só que não tem ninguém para ouvir.
Domingos Martins é conhecido no turismo. Onde a cidade já chegou e o que pode aprimorar?
Tem vocação, mas ainda não é um município turístico. Só temos gente na cidade quando são promovidos eventos. Isso é preocupante porque nosso comércio local, principalmente da sede, sofre. Não precisamos de eventos maiores, mas eventos de médio e pequeno porte para atrair um público que venha consumir aqui.
E já no primeiro mês do nosso mandato, vamos pensar a construção de um centro de eventos na sede, que tem boas áreas para isso. Também queremos trabalhar mais junto ao Sebrae para capacitar o comércio e o atendimento, que é bom, mas pode melhorar. E ainda criar a Casa do Turista, que será um centro de informações para os visitantes.
“Vamos pensar a construção de um centro de eventos na sede”
Para lazer, cultura e entretenimento, quais são as propostas?
Temos um espaço muito nobre do Hotel Imperador, que o Estado doou para o município. Ali funciona a Secretaria de Turismo e a biblioteca, mas é pouco. Queremos criar um espaço de esportes e cultura ali, e entretenimento para os jovens.
E para a economia rural, agricultura, avicultura e demais frentes?
A unificação da secretaria de Agricultura com a de Interior e Transporte. Isso daria mais estrutura e orçamento à secretaria de Agricultura, que passaria a cuidar da manutenção e pavimentação das estradas rurais. Hoje a secretaria de Agricultura só tem 1,5% do orçamento municipal. A fusão diminuiria a despesa e daria mais resultado. Pretendo também criar a Feira Agropecuária, que nunca tivemos aqui para expor nossos produtos e trazer fornecedores de máquinas e insumos para o nosso produtor rural ter acesso às inovações.
O trânsito na sede é alvo de queixas. O que fazer para melhorar?
Fazer estudo para arrumar local para estacionamento e implantar novo modelo de fluxo. Há também essa dificuldade de trânsito em Paraju e temos ainda problema de estacionamento no centro de Pedra Azul, que precisa de atenção.
Sobre o aumento dos moradores em situação de rua em Campinho?
Isso é prioridade. Existem clínicas preparadas para abrigar essas pessoas. Chega até mim muitas famílias querendo a internação dos seus entes, mas como não tem via poder público, tem que ir para o privado. E é caro para a maioria das pessoas. A atual administração pode até tentar, mas não está conseguindo resolver essa situação. Será uma das prioridades da nossa gestão estabelecer convênio com clínicas para tratar dependentes de drogas lícitas e não lícitas.
Como anda a saúde no município e o que propõe?
No interior nós temos dois bons postos de saúde, o de Paraju e o de Pedra Azul, mas com poucos serviços ofertados. Vejo com muita necessidade ampliar esses serviços, incluir especialidades e pequenas cirurgias. Temos hoje um projeto que foi indicação minha que é o plantão médico de 7h às 19h para atendimento ao público. Mas só vejo clínico geral neste projeto. Poderia ter cardiologista, psiquiatra. É preciso ter atenção à saúde mental no interior, hoje só tem no atendimento na sede.
Dentro dos seus planos, tem alguma novidade em destaque?
Sim. A área da rodoviária poderá abrigar a nova sede da Prefeitura. Precisamos de uma nova sede moderna e estruturada para comportar gabinete, secretarias, auditórios, Câmara, tudo no mesmo espaço. A gente busca recurso para isso. E a área da rodoviária já pertence ao município.
“A área da rodoviária poderá abrigar a nova sede da Prefeitura”
Como está a situação ambiental no município?
Muito desmatamento que está comprometendo a qualidade do ar. Temos que atrair negócios e pequenas indústrias não poluentes. Não sei se temos ainda o título de cidade do verde. Se perdemos, precisamos resgatar, porque isso é fundamental para nossa visibilidade. Domingos Martins também precisa entrar no circuito das empresas que têm de reflorestar para cumprir exigências ambientais.
“Domingos Martins também precisa entrar no circuito das empresas que têm de reflorestar para cumprir exigências ambientais”
Então, uma futura gestão vai estimular o reflorestamento?
Sim, incluindo de nascentes. Já perdemos muito tempo em não cadastrar e cuidar de nossas nascentes. Temos córregos que antigamente eram ponto turístico e hoje estão muito poluídos. Priorizar despoluir cascatas e córregos, como as de Goiabeiras, Tijuco Preto e Galo. Também vamos retomar a Feira do Meio Ambiente que há anos não acontece e com maior participação das escolas.
Domingos Martins deve receber no rio Jucu a represa reservatória de água para a Grande Vitória. Isso pode trazer benefícios?
Sim. Vamos sentar à mesa com a Cesan e colocar as nossas dificuldades. Vejo necessária essa represa, que também será mais um atrativo turístico. Mas, Domingos Martins não deve abrir mão dos seus direitos. Em relação à rede de esgoto, por exemplo, podemos estar provocando a Cesan a implantar rede de esgoto 100%, despoluindo córregos. Nossa gestão estará de olho na questão do esgoto.
E a oferta e qualidade da água?
Campinho precisa de uma estação de tratamento de água. Santa Isabel, Marechal Floriano e a sede (Campinho) estão crescendo muito e são todas atendidas pela estação de Marechal. E Pedra Azul tem escassez de água, precisa de um estudo para adotar ações e resolver o problema.
“Campinho precisa de uma estação de tratamento de água”
fonte original do Montanhas Capixabas