ESPECIAL ELEIÇÕES 2024: Diony Stein critica falta de experiência de concorrente à prefeitura de Marechal Floriano

Texto e foto: Fabricio Ribeiro

ESPECIAL ELEIÇÕES 2024

Empresário com formação em administração, Diony Stein pretende disputar  novamente a prefeitura de Marechal Floriano nas eleições de 6 de outubro próximo. Com 34 anos, casado e nascido no município (na época, Domingos Martins), Diony foi vereador entre 2016 e 2019 e na última eleição disputou o cargo de prefeito, ficando na segunda posição. Nesta entrevista o pré-candidato pelo Podemos critica o atual prefeito Cacau Lorenzoni (PSB) por falta de atenção ao interior, de ser centralizador e pela escolha de um pré-candidato sem experiência.  Diony revela ainda alguns planos para a sua eventual gestão em áreas como turismo, crescimento urbano e populacional, meio ambiente, agropecuária e saúde.

Por que você quer ser prefeito?

Sempre tive essa vontade, trabalhando no comércio desde novo, conversando com muitas pessoas, ouvindo as carências das comunidades. Foi quando coloquei meu nome à disposição para vereador e acabei eleito com votação expressiva. Consegui fazer algumas coisas como vereador, mas queria fazer mais. Então lancei meu nome como candidato a prefeito em 2020  e, para minha surpresa, tive 3.992 votos – 43% dos votos – disputando uma eleição difícil com o atual prefeito que teve a máquina na mão. Isso nos trouxe ainda mais vontade de disputar essa eleição, por ser morador raiz aqui de Marechal, nascido e criado aqui, desde meus avôs.

O que você destaca de seu mandato de vereador?

Fiz o papel de legislar, mas fui além. Busquei fortalecer a cultura e o turismo. Corri atrás para realização de eventos, como de carros antigos, de motociclistas, de bikes, sempre dando apoio aos realizadores que nos procuravam. Com isso gerava renda, movimentando hotéis, restaurantes. É onde eu vejo que Marechal pode crescer muito mais. Está faltando aproveitar a questão do turismo. 

Qual a sua avaliação do prefeito Cacau Lorenzoni?

No centro da cidade tem feito bastante obra, calçamento. Também bastante parceria com o Governo do Estado. Mas o prefeito tem deixado a desejar no interior. Nossos agricultores dependem de estradas boas. Falta um olhar carinhoso para o nosso produtor rural cada vez mais carente. E o interesse na roça está cada vez menor. Os jovens hoje querem ir para a cidade e os nossos produtores estão com carência na mão de obra. Isso é preocupação para o futuro, pois é de onde sai o alimento para todos. Então a prefeitura precisa estimular o trabalho nas lavouras. Marechal é forte em café, avicultura, piscicultura, tudo crescendo, mas se não tiver mão de obra, vai acabar diminuindo.

A administração atual abandonou o interior?  Por quê?

Cinquenta por cento, sim. Acredito que falta um planejamento com as secretarias. Tanto a de agricultura como a de transporte para fazer um plano de manutenção, já pegando as previsões de chuva e fazendo prevenção antes. Talvez o prefeito deva dar mais autonomia aos secretários. Como administrador não pode puxar tudo para si.

Você vê Cacau como um administrador centralizador?

Eu vejo isso mesmo. Ele podia dar mais autoridade aos nossos secretários para resolver as situações. Para não ter que ligar para o prefeito para pedir autorização para limpar uma boca de lobo.

Para Diony, Cacau tem um perfil centralizador

A administração gere bem os recursos?

Eu não vejo a administração atual valorizando as pessoas de Marechal. Por exemplo, o Carnaval. A estrutura, tudo veio de fora. A gente quer ver o que a gente pode fazer dentro da legalidade para valorizar as pessoas de daqui de dentro. Do cantor daqui que está começando ao prestador de serviço, passando por quem mexe com a obra, com a pintura. A administração atual frisa uma ou duas empresas e descarrega tudo ali e o pequeninho que está aqui às vezes não consegue participar nem da licitação.

Como você tem avaliado a Câmara de Vereadores na gestão atual?

Tem trabalhado em parceria com o atual prefeito, assim também foi em mandatos passados. Muitos dos vereadores são atuantes, sempre buscando capacitação e emendas. O próprio presidente da Câmara, Cezinha Ronchi (PSDB) é muito atuante.

E a construção das chapas de vereadores para a sua pré-candidatura?

Hoje nós já temos dois partidos, o Podemos e o União Brasil. Poderemos chegar ao terceiro. A nossa previsão é de lançar pelo menos até o final das filiações 36 candidatos. Hoje temos 24 pré-candidatos, sendo 12 pelo União Brasil e 12 pelo Podemos.

O pré-candidato a vice da sua chapa já está definido…

Sim, é o doutor Otto Batista, médico tradicional aqui da região. Conhece muita gente, a família da esposa dele é de Araguaia. Ele já foi vice-prefeito de Elias Kiefer e duas vezes secretário de saúde. Hoje é presidente do Sindicato dos Médicos do Espírito Santos. Veio para reforçar mesmo. Por conhecer a gente, quando viu que temos a intenção de disputar a eleição, ele mesmo chegou e disse que queria ser o vice. Começamos a conversar e a aceitação foi muito boa. Inclusive até mais pré-candidatos a vereadores passaram a nos procurar quando souberam do Dr. Otto.

Quais são hoje os demais pré-candidatos a prefeito?

Hoje nós temos mais três pré-candidatos. Reginaldo Penha (PT), o ex-prefeito Lidiney Gobbi (PP) e o vereador Felipe Del Pupo (Rede).

E o Cacau vai estar com quem?

Ele tende a estar com Felipe. Mas pelo histórico, ele  não é de fazer muita campanha para outros candidatos, sempre fez mais para ele. Mas como ele é padrinho do Felipe, então pela proximidade deve apoiá-lo.

E qual a sua avaliação deste pré-candidato do prefeito?

Penso na questão da experiência. A família dele também é tradicional daqui. Mas vejo que falta experiência nele, amadurecimento para administrar uma prefeitura. Não só para gerir uma máquina com mil funcionários, mas para gerir um município com mais de 18 mil habitantes. É um rapaz muito novo, mas não é pela questão da idade e sim por não ter tido experiência em gerir negócios.  Eu comecei a trabalhar desde novo com minha avó na feira de Marechal e depois fui trabalhar com meu pai no comércio. Depois montei meu próprio comércio que já tem 10 anos e também fui vereador. Sei de uma boa parte da administração, de lidar com as pessoas, de saber falar e de entender o sentimento das pessoas.

“Falta experiência ao pré-candidato do prefeito para administrar”.

E o ex-prefeito Lidiney?

Lidiney Gobbi já teve oportunidade de administrar Marechal. Uns gostaram, outros não.  Tentou uma reeleição e não teve êxito. Hoje vejo meu nome e o Dr. Otto como um novo projeto para Marechal.

Alguma preocupação sobre a saúde financeira do município?

Tem a preocupação porque há pouco a Câmara, em parceria com o prefeito, aprovou um empréstimo de R$ 7 milhões que ficará para a próxima gestão pagar. É um desafio saber como vai estar o caixa da prefeitura. O próximo prefeito pode ter dificuldade para fazer obras no início por conta disso.

E a folha de pagamento?

Nossa folha é alta e representa boa parte das despesas. São muitas pessoas que trabalham na Prefeitura e ainda tem esse empréstimo, então tem uma demanda alta aí. E nossos servidores que são efetivos buscam valorização. A gente quer valorizar o servidor que está fazendo o seu papel, pois ao longo dos anos houveram reajustes que não foram o que deveriam ser.

Marechal tem crescido em população e economia. Por que está acontecendo isso?

Marechal sempre teve um comércio muito ativo. Hoje tanto no interior quanto no centro você vê obras para todo lado. Comerciantes e agricultores tem feito obras para alugar salas comerciais. A própria BR (262), o acesso fácil, é ponto positivo para Marechal. O pessoal das cidades vizinhas vem aqui para comprar.

A duplicação da BR 262 neste trecho pode dinamizar ainda mais?

Tem duas lideranças que estão com a gente nessa frente. Uma é o presidente do meu partido, o deputado federal Gilson Daniel. Se ganharmos a eleição vamos dialogar com ele para ver se conseguimos essa duplicação. Hoje em dia no fim de semana forma filas na BR, até o acesso a Marechal fica difícil por conta dos semáforos. Marechal precisa com urgência da duplicação da 262.

“O crescimento e a preservação precisam andar juntos”

O trânsito no centro de Marechal tem momentos de pico. O que é possível fazer?

É algo que a gente precisa andar junto com a questão da duplicação da BR. Começando a sair essa duplicação, precisamos pegar pessoas experientes na questão do trânsito, que hoje é estadual aqui, e trazer para Marechal para elaborar projetos de melhoria, que a gente possa fazer válvulas de escape. Já há vários pontos na cidade que, no horário de pico, por volta de cinco e meia da tarde e no horário de colégio, o trânsito tumultua.

E o adensamento populacional na sede, verticalização das obras… O que está acontecendo?

Tem as pessoas que moram no interior e vem para centro para trabalhar. E quem está morando na cidade (Grande Vitória) tem o sonho de vir para Marechal Floriano, Domingos Martins. As pessoas que vão aposentando procuram as cidades mais tranquilas para poder viver, para passar o fim de semana. Buscam qualidade de vida, tranquilidade, segurança.

Isso traz oportunidades e desafios novos para Marechal?

Traz um desafio sim. Tudo vai aumentando, recolhimento de lixo, demanda por unidade básica de saúde. Se tem mais gente morando aqui, vai consumindo mais a receita da prefeitura. A Cesan ampliou as redes de abastecimento, que antes demorava em chegar água nos lugares mais distantes. A Escelsa também ampliou a oferta de energia. Tudo está aumentando.

E o parcelamento informal do solo em pequenos terrenos para sitiantes de fim de semana e até para morar?

Vamos gerir através da secretaria de Meio Ambiente. A gente pensa numa secretaria ágil, mas consciente com a questão de preservação. A gente precisa que o município cresça, que tenha essa expansão, mas precisa também ficar preocupado com a preservação. Porque daqui a pouco já não tem mais mata e nascentes que Marechal ainda tem muitas.

Até uma mudança climática, um efeito estufa no microclima local?

A gente já vê isso nesses meses de verão, o calor já é maior. Antes em Marechal e Domingos Martins fazia muito mais frio. Hoje quase você não sente mais frio. Por isso o crescimento e a preservação têm que andar juntos.

Então esse crescimento vem com impacto ambiental e tem que ser enfrentado?

Tem que enfrentar essa situação. É uma coisa que tem que ser fiscalizada, acompanhada.

O que o produtor rural pode estar esperando de uma eventual administração Diony?

Você não vê a secretaria de Agricultura da gestão atual participando diariamente com o produtor rural. A gente pensa em implementar uma secretaria que tenha pessoas técnicas, que realmente conheçam o município e que estejam ‘tete a tete’ com o nosso agricultor. Podendo capacitar, dar cursos, passando o que há de novidades em tecnologias. A Prefeitura também pode dar opção de ceder hora-máquina para produtor que tem bloco de nota no município, como contrapartida, principalmente para os pequenos que tem menos recursos.

“O Prefeito tem deixado a desejar no interior”

O turismo cresceu muito. Tem quem fale que Marechal era uma espécie de rebarba do turismo de Domingos Martins. Hoje é assim ainda ou tem mais maturidade?

Continua assim. O turismo é uma das minhas bandeiras desde os tempos de vereador. É uma forma de trazer renda para o município, porque dependendo do evento que você faz, você traz as famílias para o município. Daqui elas vão para pousada, comem num restaurante, compra uma roupa numa loja, compra uma chácara. São pequenos eventos que você faz, até em parceria com o comércio mesmo.

E os grandes eventos?

Dependendo do tipo de festa que você faz, não traz um grande retorno para o município. Mas você pode fazer pequenos eventos, uma vez por mês e que não comprometam a receita do município. Domingos Martins sai na frente porque lá sempre tem evento. Marechal este ano depois de sete anos fez carnaval. Mas queremos que tenha continuidade, que fique em calendário. Vamos seguir com nossa festa tradicional a Italemanha, que o atual prefeito começou. Uma preocupação é a questão de espaço que ainda a gente não tem um centro de eventos. Então com este crescimento, Marechal está ficando sem lugar para fazer.

Você pensa em construir um centro de eventos?

Sim, pensamos em captar recursos. Marechal precisa ter seu centro de eventos. E isso teria que ser feito com urgência, pois daqui a pouco não teremos mais espaço no centro da cidade.

“Marechal precisa ter seu centro de eventos”

Qual o lugar potencial?

O próprio local onde foi feita a Italemanha, cujo terreno ainda se encontra à venda. Mas há várias pessoas de olho ali e daqui a pouco vende.

Pretende também criar novos eventos?

A festa do café, que é uma bandeira, a questão do frango, avicultura. Criar festas nas áreas de potencial que é uma maneira de destacar a cidade e trazer as pessoas.

Uma questão recorrente em Marechal, por conta da BR que gera uma população flutuante, são as pessoas que acabam ficando em situação de rua. Como abordar isso? 

Eu vejo pouca ação de nossa assistência social em relação aos moradores de rua. Os próprios moradores sempre comentam que é preciso a secretaria de Assistência Social estar mais ativa neste setor. É preciso criar um centro de reabilitação para eles, apoio, com auxílio de profissionais de saúde mental e até das instituições religiosas para ajudar os que estão viciados em drogas, em álcool. Ouvir essas pessoas, saber porque estão ali, porque há gente que quer viver ali mesmo, não tem jeito. Ele quer sempre ganhar o peixe, ele não quer pescar. Mas tem outros que você consegue resgatar, fazer esse trabalho.  Não podemos deixar isso crescer como nas grandes cidades, senão perde o controle.

Na área da saúde pública Marechal tem avançado?

Praticamente em todos os redutos de Marechal como Araguaia, Rio Fundo, tem uma unidade básica de saúde. Aqui no centro temos uma policlínica. O que precisamos fazer é cada vez mais equipar essas unidades.

E os horários de atendimento, com períodos noturnos e final de semana. Continua?

Isso é na Policlínica. Continua sim e eu pretendo manter o funcionamento da policlínica em horário noturno e finais de semana. Vamos avançar com equipamentos atualizados para ajudar quem chega infartado, com derrame, para que o médico possa dar o primeiro socorro até o paciente chegar ao hospital lá embaixo (Grande Vitória). E aí vou entrar com a parceria com meu vice.

O Dr. Otto numa administração Diony seria o secretário de saúde?

Não, ele entrará como vice mesmo. Mas vai acompanhar diretamente essa parte de saúde, até pela experiência dele.

fonte original do Montanhas Capixabas

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