Fotos: Arquivo/FATO
Dois anos e cinco meses após do brutal assassinato da vendedora Roseli Valiati de Farias, o homem acusado pelo crime, Alexandre Nunes, vai a júri popular. A audiência está marcada para o dia 26 deste mês no Fórum Desembargador Horta Araújo, em Cachoeiro de Itapemirim. A acusação espera conseguir pena máxima, de 30 anos de prisão, para o agropecuarista, que chegou a confessar o crime durante o inquérito.
O advogado criminalista Diego Rocha, que atua como assistente de acusação ao lado do promotor de Justiça Lucas Lobato La Roca, acredita que as provas (vídeos e perícia) que serão apresentadas e as quatro testemunhas que serão ouvidas convencerão à maioria dos jurados a votar pela condenação.
“A linha adotada pela acusação, será a mesma que mantivemos desde o início: ele cometeu um crime gravíssimo e tem que ser condenado por isso. Vamos trabalhar com o convencimento dos jurados de que eles têm o poder de fazer justiça e tornar este caso um exemplo, para fazer as pessoas pensarem duas vezes antes de cogitar fazer o que ele fez”, explica Rocha.
A equipe acusatória espera enquadrar o réu por crime de homicídio com quatro qualificadoras: motivo torpe, por meio que dificultou a defesa da vítima, por razões da vítima ser do sexo feminino e com emprego de arma de fogo. Além de mais dois crimes: de porte irregular de arma de fogo e ocultação de cadáver.
A FAMÍLIA
A família de Roseli Valiati de Farias também espera que o réu seja condenado a passar décadas na cadeia. “Nada vai trazer a minha irmã de volta. Porém, é o mínimo de conforto para a nossa família”, comenta o irmão da vítima, Gleydson Valiati Farias.
Para ele, as evidências e a confissão apresentadas no inquérito policial irão corroborar a tese da acusação. “Além dele confessar o crime, foram encontradas manchas de sangue na casa, no sofá, na caminhonete e filmagens dele próximo onde deixou o carro dela. São muitas provas”, afirma.
A condenação do réu, segundo o irmão de Roseli, representaria o fim de uma etapa. “A gente vem esperando há muito tempo esse julgamento. Com a condenação vai ser um fechamento desse ciclo. Porém, não vai apagar as feridas que ele causou na nossa família. Todos da família sofrem até hoje com essa perda”, conclui Gleydson.
A DEFESA
Na manhã desta quinta-feira (7), a reportagem do Jornal FATO entrou em contato com a equipe de defesa e questionou qual seria a tese e provas apresentadas, qual era a expectativa com a realização do júri popular e se esperavam a absolvição do seu cliente.
Em resposta, os advogados de forma conjunta enviaram a seguinte nota:
“A defesa constituída pelos advogados Felipe Sant’Anna, Marcela Daltio e Hébener Brandão entende o papel da imprensa em buscar informações sobre o fato. Porém, se resguarda ao direito de não se manifestar. Por entender que qualquer declaração, neste momento, prestada fora dos autos, poderá ser prejudicial ao réu.”
Foram arroladas pela defesa duas testemunhas para serem ouvidas durante a audiência.
JÚRI POPULAR
A primeira audiência do processo foi realizada em fevereiro de 2022. Após mais de um ano de espera, no próximo dia 26 deste mês, às 9h, no Fórum Desembargador Horta Araújo, em Cachoeiro de Itapemirim, ocorrerá o júri popular.
No dia do julgamento, serão ouvidas as testemunhas. Entre elas, uma policial civil que participou das investigações e Alexandre Nunes acusado de ter matado Roseli Valiati de Farias.
Na sequência, após as oitivas, a defesa e a acusação tentarão convencer a maioria dos jurados a condenar ou absolver o réu.
O promotor público Lucas Lobato La Rocca, o assistente de acusação Diego Rocha e os advogados de defesa Felipe Sant’Anna, Marcela Daltio e Hébener Brandão terão uma hora e meia para defender as suas teses.
Em seguida, acusação e defesa têm mais uma hora para réplica e tréplica. Após a explanação, os jurados se reúnem. Por fim, o juiz anuncia a sentença.
O júri popular será aberto ao público.
RELEMBRE O CASO
Roseli foi assassinada com um tiro na cabeça, no sofá da casa de Alexandre Nunes no dia 17 de outubro de 2021. Seu corpo só foi encontrado três dias depois, enterrado em uma cova rasa na divisa do Rio de Janeiro com o Espírito Santo. Foi o próprio pecuarista que levou a Polícia até lá, depois que as investigações o apontaram como principal suspeito.
Ambos mantinham relacionamento, mas romperam após Roseli descobrir que ele a enganava com outra mulher. No dia do crime, a vítima foi até a casa dele conversar sobre uma possível reconciliação, mas acabou morta. À polícia, o réu disse que ela não aceitava o término.
Durante as investigações, a polícia descobriu, na casa dele um acervo com mais de 200 contatos de mulheres com quem ele conversava por meio de aplicativo instalado em seu celular. Roseli era uma delas, porém as mensagens trocadas entre os dois já haviam sido apagadas.
fonte original do Jornal Fato