Marcos Leão
A mobilização, na manhã desta quarta-feira (20), para realocar vendedores ambulantes que atuam na Rua Bernardo Horta, nos bairros Guandu e Centro, realizada pela Prefeitura de Cachoeiro Itapemirim (PMCI), por intermédio da Secretaria de Meio Ambiente e Urbanismo (Semurb), gerou protesto dos camelôs.
A medida, justifica a Prefeitura Municipal, foi previamente acordada e se faz necessária para viabilizar a continuidade das obras de macrodrenagem na área central da cidade.
Grupo de manifestantes ocupou, até por volta das 14h, metade da pista da Rua Bernardo Horta que já estava parcialmente interditada pelas obras, no trecho nas proximidades do açougue Varejão das Carnes, perto da esquina com a Rua Basílio Pimenta. Eles exigiam a presença de representantes da administração municipal.
De acordo com um dos participantes, que não quis se identificar, duas barracas nas imediações chegaram a ser removidas de manhã por funcionários da PMCI. Agentes da Guarda Civil Municipal atuaram no local.
O trânsito de veículos, no início da tarde, estava fluindo, mas com lentidão no trecho.
De acordo com a Prefeitura de Cachoeiro, após uma série de reuniões entre a administração municipal e os trabalhadores, ao longo do último ano, foi estabelecido que um novo espaço seria destinado para suas atividades econômicas, localizado na Rua Joaquim Vieira, onde está situado o Teatro Municipal “Rubem Braga”. Durante o processo, um sorteio foi realizado na presença dos vendedores para determinar a ocupação no novo local.
“Originalmente planejada para agosto de 2023, a transferência foi adiada consecutivas vezes, a pedido dos trabalhadores, a fim de não interferir nas vendas de datas comemorativas como o Dia das Crianças (Feriado de Nossa Senhora Aparecida) e o Natal”, afirma a PMCI, em nota.
“Com o início do ano de 2024, a gestão municipal, por meio de seus representantes, realizou uma nova reunião para a escolha de uma data definitiva para a mudança. Entretanto, não houve consenso por parte de todos os vendedores”, continua.
Presidente da associação dos vendedores ambulantes da cidade, Cleverson Simões Eugênio alega que o motivo da resistência é a falta de infraestrutura na rua do teatro.
O projeto apresentado pelo governo municipal, segundo ele, prevê banheiros, energia, estande com barracas padronizadas, entre outras melhorias. “Com estrutura, aceitaremos ir”, garante o líder da categoria.
Prazo
A Secretaria de Meio Ambiente e Urbanismo acusa que “os sucessivos adiamentos da transferência dos trabalhadores ocasionaram atrasos significativos no andamento das obras, especialmente na região do bairro Guandu”.
Isso, de acordo com a Semurb, torna a mudança imediata imprescindível para garantir o cumprimento dos prazos estabelecidos, evitar maiores prejuízos à conclusão das intervenções e atender aos princípios do interesse público.
A pasta destaca, ainda, que “a medida visa a promover o reordenamento urbano da região central da cidade, ao disponibilizar um espaço específico para a realização das atividades dos vendedores ambulantes. Com isso, busca-se, também, melhorar as condições de mobilidade nos passeios públicos das áreas comerciais, que apresentam grande fluxo diário de pessoas”.
Secretário municipal de Meio Ambiente e Urbanismo, Victor Galvão Rabbi declara: “todo o processo foi conduzido em estreita colaboração com os vendedores ambulantes do Centro de Cachoeiro. Após diversos adiamentos, realizados a pedido dos próprios trabalhadores, torna-se imperativa a realocação imediata devido aos atrasos nas obras de macrodrenagem, que incluem a revitalização do passeio público em alguns pontos desta região. Os vendedores foram notificados, e o prazo para a mudança se encerrou nesta quarta-feira, 20 de março”.
Solitário
Na rua do Teatro Rubem Braga, fechada para o trânsito de veículos desde outubro, havia apenas um ambulante atuando na tarde de hoje.
Há cerca de sete anos no ramo, Rogério Soares conta que transferiu sua barraca – da Praça do Roberto Carlos, no Recanto, para a Rua Joaquim Vieira – em dezembro.
Ele diz que está satisfeito no local para o qual foi sorteado, perto da esquina com a movimentada Bernardo Horta.
“Havia um senhor com outra barraca aqui, mas ele não está mais. Dei sorte de ficar na cabeça da rua. Para mim, está bom. Mas o que é bom para uns pode não ser para outros”, pondera.
Rogério, contudo, aguarda as melhorias propostas pela Prefeitura de Cachoeiro. “Na verdade o projeto, no papel, é muito bom. O negócio é botar em prática”.
fonte original do Jornal Fato