0 PP aprovou em convenção municipal realizada na manhã deste sábado, a candidatura do deputado estadual Theodorico Ferraço a prefeito de Cachoeiro. Além disso, as alianças do MDB e Novo foram formalizadas. O encontro aconteceu na Câmara Municipal. Criticado pela idade, Ferraço mostrou bom humor ao fazer piada com a “preocupação” dos adversários (veja mais abaixo).
Diferente do lançamento da pré-candidatura, que reuniu multidão no Jaraguá, a convenção foi tratada como mera formalidade. Ainda assim, contou com a breve participação do presidente estadual do PP, o deputado federal Josias da Vitória.
O MDB, que realizava convenção conjunta exibiu vídeos de apoio de lideranças nacionais e estaduais do partido, como o ex-presidente da república Michel Temer e o presidente nacional da sigla, Baleia Rossi.
Na convenção foi dada ao presidente do PP em Cachoeiro, Zezé da Cofril, a autonomia para incluir na aliança outras siglas. Também ficou garantido ao Novo a indicação do Júnior da Cofril, filho de Zezé, como vice de Ferraço. O Novo também faz convenção neste sábado.
BENGALA
Aos 86 anos, Ferraço se diz hoje com a cabeça melhor do que quando tinha 18 e lamentou que os adversários utilizem o etarismo para tentar atingi-lo. Em momento que arrancou risadas dos presentes usou o bom humor para tratar do assunto e, para usar liguagem de internet, trolar (fazer algo tido como engraçado para divertir, surpreender ou troçar de alguém) os adversários.
“Falam até da bengala que uso por causa das dores no joelho. Mas se quiserem segurá-la, não tem problema”, se diverte. “Eu não tenho inimigos. Tenho adversários. E espero que possam ter a oportunidade de chegar à idade que tenho hoje, ou até mais, pois poderão presenciar uma gestão que vai devolver o desenvolvimento a Cachoeiro”, disse.
Esposa de Ferraço, a ex-deputada federal Norma Ayub anui. Segundo ela, hoje seu esposo é mais “novo e esperto” do que era há 20 anos. O que mudou desde então? “sua capacidade de ouvir. Principalmente os mais jovens” dos quais está cercado em sua aliança eleitoral. “O velho sabe muito mais do que o novinho”, vaticina.
Outro momento de irreverência foi quando falou sobre a discrepância das pesquisas eleitorais. Insinua que há pesquisas manipuladas pelos adversários para dizer que estão subindo na preferência popular. “Só se estiverem escalando o Pico da Bandeira”, ironiza.
TRANSIÇÃO
Sobrinha do ex-prefeito de Cachoeiro, Roberto Valadão, fundador do MDB no município e que morreu no final de maio, falou de improviso sobre a participação do partido na aliança com o PP.
“Não dizem que PP e MDB estão aliados, mas dizem que o pessoal do Valadão está com Ferraço. Estamos! Não tem ninguém traindo Valadão. Se chegamos até essa convenção, hoje, tudo foi feito com a concordância dele ao longo do processo”, disse.
Segundo Magda, Valadão acreditava que o momento de Cachoeiro precisa “voltar aos trilhos” e que para isso, precisaria de politico de conhecimento, experiência e arrojo. Características que enxerga em Ferraço. Alguém capaz de fazer uma gestão de transição para um novo momento e capaz de “ensinar, treinar e conduzir”, rumo a gestão de mais jovens.
MESCLA
A transição de que fala Magda é uma preocupação evidente desde a formação da chapa e do slogan que tem sido repetido insistentemente, da experiência de Ferraço e a juventude de seu vice, Júnior da Cofril.
E a mudança de mentalidade, citada por Norma alguns parágrafos acima, se traduz na postura pragmática adotada por Ferraço, que parece ter compreendido que a eleição municipal trata dos problemas locais e não de questões ideológicas.
Não por outro motivo, durante seu discurso o veterano político fez acenos para todos os lados. Ferraço garante que tem independência política ante o governador Renato Casagrande (PSB) – “não pisei no palácio desde que se elegeu” – mas não abre mão de manter com ele boa relação. “Tem sido grande parceiro de Cachoeiro. Colocou R$ 500 milhões em obras para o município. Não quero tanto. Me bastam R$ 499 mil”, brinca.
A relação com o governo federal deve ser levada da mesma maneira. Quer que recursos federais cheguem a Cachoeiro e vai buscar aportes federais para grandes investimentos, como a ponte entre Valão e Rubem Braga, ou a da última etapa da rodovia do Contorno.
E, embora critique as circunstâncias que levaram seu vice deixar o PL, onde era pré-candidato a prefeito e teria seu apoio, salienta que se trata de um grande partido, sob a liderança do ex-presidente Jair Bolsonaro.
PRIORIDADE
Ferraço tem o apoio escancarado de grandes empresários do setor de rochas ornamentais, o mais proeminente deles do presidente do Centrorochas e Credirochas, Tales Machado, dono da poderosa empresa Mag Ban.
Em discurso durante a convenção, Tales ressaltou a preocupação com o desenvolvimento do município e da região sul do Estado. Lamentou a falta de competitividade em relação a Vitória e a região da Sudene capixaba, mas também criticou a dificuldade da burocracia cachoeirense para a instalação e ampliação de empresas.
Segundo ele, por conta disso, novas empresas do setor de rochas ornamentais têm preferido se instalar em municípios vizinhos, como Castelo e Atílio Vivacqua. Pare reforçar cita exemplo de empresa Castelense, que demorou 15 dias para licenciar e iniciar aterro, processo que, avalia, em Cachoeiro, não seria concluído em menos de um ou dois anos.
Ferraço se mostrou preocupado com a situação. Está entre suas prioridades resolver, mas a preocupação número 1 será resolver a questão do IPTU, que deve sofrer reajuste em 2025. Ele busca alternativas para evitar isso e chegou a pedir ao prefeito Victor Coelho (PSB) que envie à Câmara um projeto de Lei para postergar o reajuste.
PÚBLICO
Filho de Ferraço, o vice-governador Ricardo Ferraço (MDB) era aguardado na convenção, mas, acometido por uma gripe não compareceu. Além dos já citados nessa matéria, quem também esteve no evento, foram os pré-candidatos a vereador e lideranças dos três partidos, o ex-prefeito José Tasso e o filho de Roberto Valadão, Glauber.
fonte original do Jornal Fato